domingo, 19 de junho de 2022

Ciranda

Sonho, sonhei
Sonharei e não corromperei
Faz bem e o bem
Ser somente e somente ser

Na inocência
Na pureza
Na eloquência
Na cadência

E na luz do luar
Possa toda inocência encontrar
No brilho do olhar
Da cria pura esperança

De viver, de sonhar, de errar
De aprender, de lutar, de amar
De contradizer e dizer e desdizer
Sem ter que celebrar

Como num canto de ninar
Como na brincadeira de rodar
Roda, roda, ciranda,
Desliga, desliza, deslizou

A luta é fracassada
A inocência é julgada
A pureza é culpada
Linda essência humana

Inocenta!
Inocenta!

(Viva, S.M. 2012)

Trança

Venha chuva, venha lavar a alma
Venha levar a calma
Chuva, fogo e lenha
Chuva lenta, chuva mansa

Mansa que não se cansa
Contínua que não descansa
Vento que não balança
Fogueira de esperança

No riso de uma criança
Na lembrança da infância
Lembra, lembrança
Foge o gosto da memória

Na trança que trançou
No abraço que abraçou
O adeus que Deus doou
A saudade que nos saudou

(Viva, S.M. 2012)

Praça Sete

A pessoa que correu
O carro que buzinou
A moto que ultrapassou
O ônibus que freou

Aquele que trabalhou
Aquele que estudou
Aquele que tá ali só hoje
Aquele que faz isso todos os dias

E da vida virou freguês
Um sorriso no rosto
Um esbarrão na direita
Um assovio do trabalhador

Um com licença do meu lado
Um obrigado ali do outro
A violência estampada na janela
E a miséria escancarada no passeio

E assim a vida segue
Dia após dia se madruga pra ganhar pão
E assim a vida passa
Na correria do vai e vem

E assim a vida voa
Na fumaça preta da poluição
E assim a vida ecoa
Na gritaria da multidão

E assim a vida confunde
Na curva acelerada
E assim a vida se funde
E com alegria o povo adormece

E amanhã amanhece
E começa tudo de novo
No frenético vai e vem
Na luta por uma vida de bem

E amanhã?
Amanhece!

(Viva, S.M. 2012)

Descalços


O brilho da rosa mais rosada
A marca da vivência na calçada
O cansaço disfarçado na face
A alegria forçada com classe

O disfarce e a farsa maltrapilhos
enganam
Mas a face que não mente e a classe aparente
entregam

Num trilho trilhado com
Percalços
Vão eles
Descalços

Ingenuidade, ignorância, arrogância
Ou apenas um simples sonho de criança
Que deu errado
E agora procuram um culpado

Sem perceber o estrago
Vão esmagando seus sonhos
Vão acabando com a esperança
Vão cavando a própria cova

Antes disso, espero que possam ao menos
Ver o brilho da rosa mais rosada
Deixar marcas de alegria na calçada
E sonhar os mais puros sonhos de criança

Espera, esperança
Muda, mudança
Sonha criança
Sonha criança

(Viva, S.M. 2012)

Solidão



Eu só queria só-mente sentir o só-
riso.

Eu não queria ir a-
diante da ir-
a.

Eu não queria
não.

Eu só queria
só.


...só não tão só!

(Viva, S.M. 2012)

Entulhos


Gosto do belo, do sincero, do singelo
Sonho com a calma, com a alma, serena
Desejo o desejo de desejar e ser desejada
Amo o amor de amar e ser amada

No perder da calma eu me desespero
No perder do equilíbrio eu me desequilibro
Na perdição eu me perco

Por entre os destroços eu me acho,
Não volto sozinha, não volto a mesma,
Volto com remendos, cicatrizes, machucados

Nos remendos do meu coração
Que faço no recompor de cada fato
Por entre destroços e entulhos
Vou fazendo minhas escolhas

Vou revendo os necessários e os des...

(Viva, S.M. 2012)

Sangue



Ser leve, branda e gelada como a neve
Ser neve, fria e suave como a chuva.
Ser gotas, que gotejam, gotejam, gotejam
Num movimento que só faz chover

Ser plena, forte e fogosa como o sol
Ser sol, quente e intensa como o choro
Ser gotas, que gotejam, gotejam, gotejam
Num movimento que só faz chorar.

Ser grito, alto e envolvente como o pranto
Ser pranto, puro e ardente como o sangue
Ser gotas, que gotejam, gotejam, gotejam
Num movimento que só faz sangrar.

Num movimento que só faz chover.
Num movimento que só faz chorar.
Num movimento que só faz sangrar.
Num movimento que só faz mover.

(Viva, S.M. 2012, adaptação 2022)

Belo Horizonte



Deixar de ser quem diz
Nessa feliz-idade de ser sempre
E não o oposto da FÉliz cidade
No instante ante de ser durante

E não pós, mediante o arrependimento
De não ser, de não sentir, de não transmitir a
Felicidade na feliz-idade com a FÉliz cidade a me saudar.
Saúda!

De verdade na minha metade
O lado belo da felicidade contra
Posto ao da saudade que arde
Um lado transcende o outro repreende.

A feliz-cidade que hoje me saúda e
Eu que hoje saúdo a minha saudade
Guardada na minha memória
Contada por minha história.

Feliz-Saudade que sinto ao estar aqui hoje.
Feliz-Saudade que sinto ao lembrar de lá ontem.
Feliz-Saudade que sinto ao imaginar o onde de amanhã.
Obrigado feliz-cidade por saudar com alegria meu coração de saudade.

(Viva, S.M. 2012)

Vida-morte-vida



Como pode a água ser tão doce e não ter gosto?
Como pode a água não ser colorida e ter cor?
Como pode a água ter cheiro e não ter?
Como pode o peixe viver fora d’água sua?

Pode como o peixe fora d’água ter ar pra respirar?
Pode como o peixe fora d’água ter asas para voar?
Pode como o peixe fora d’água ter pés para andar?
Pode como o peixe fora d'água sua morrer?

Como pode ser e não ter?
Como pode não ser e ter?
Como pode ter e não ter?
Como pode não ser e ser?

Pode como ter ar e não respirar?
Pode como ter asas e não voar?
Pode como ter pés e não andar?
Pode como ter vida e não viver?

(Viva, S.M. 2012)

Abraço



Hoje chorei poemas
Poemas com todas as letras 
Dos versos que você me fez

Hoje escrevi lágrimas
Lágrimas de saudade
De todas as felicidades que você me deu

Hoje sou metade
Metade do inteiro que virou meio
Quando você partiu

Hoje senti você, tua presença, 
Teu abraço, teu cheiro
No meu sonho você veio
E aquilo que era meio, por uma noite voltou inteiro.

(Viva, S.M. 2012)

Interior



Hoje o arco íris brilhou no céu do meu interior.
Trouxe no seu princípio a emoção do perpétuo vermelho,
A vibração do laranja e o iluminar do mais belo sol amarelo. 
Para nos devolver pro nosso interior o amarelo e o azul se juntaram formando o verde da nossa esperança. 

O azul no melhor despertar da nossa tranquilidade nos trouxe a paz
E o violeta elevou ela ao nosso espírito
Como num entrelace de extremos do azul que harmoniza e do vermelho que perturba.

O arco irís que mais cedo brilhou, agora já se foi. 
Mas deixou em mim uma pincelada de cada uma de suas cores.
Restou também, o branco que se iniciou e o branco que terminou 
O branco que nada é e o branco que tudo foi.

Arco íris quando desejar venha brilhar novamente do interior do meu céu,
Venha ser em mim presença e ausência sem fim.

(Viva, S.M. 2012)

Trem



Feche os olhos. Pare. Olhe pra si.
Abra os olhos. Ande. Olhe ao redor.
Feche os olhos. Ande. Sinta o ambiente.
Abra os olhos. Pare. Sinta seu eu.

O interior se exterioriza.
O exterior se interioriza.
O interior e o exterior conexos,
Você aliado a todo resto.

De dentro pra fora e de fora pra dentro,
No mesmo ângulo, de todas as formas.
Você tomando formas do ambiente
E ele se apropriando das suas.

Pare, olhe, escute.
...talvez o trem esteja vindo em sua direção.
...talvez ele já tenha passado sobre você.
...talvez ele nem venha.

Pare, olhe, escute.
Pare, olhe, escute.
Pare, olhe, escute.
Pare, olhe, escute.

(Viva, S.M. 2012)


Retalhos

Os retalhos da vida
Espalhados por todos os cantos
Separados por risos e prantos

Como num encanto
Os retalhos se juntam aos tantos
E a vida ganha vida no alinhavar de cada encanto

Os retalhos viram vida
Unidos por cada ponto
E a vida vira uma colcha de retalhos
Uma colcha que não tem lado

O início e o fim
O preto e o branco
O tudo e o nada
O não e o sim num estopim

E a vida vira uma colcha de retalhos

(Viva, S.M. 2012, adaptação 2022)

Sorriso lindo



Foi talvez pelo olhar sincero
Pela inocência de criança
Ou pelo sorriso mais lindo que eu já vi
E que eu já sorri

Tão belo seria se o destino conspirasse 
A ausência dói, na esperança de um fim
Espero.

(Viva, S.M. 2012, adaptação 2022)


Navegador



Viva as diferenças
Desafie o subjetivo
Navegue pelo desconhecido
Transcenda seus horizontes

 (Viva, S.M. 2012)



Esperas

Livre para partir, livre para voar
Livre para voltar, livre para amar
É preciso desapegar, é preciso não possuir
Enquanto isso, confio

Nas mais floridas primaveras
Nos mais gelados invernos
Nos mais ventosos outonos
Nos mais intensos verões

No olhar sincero, no sorriso lindo
Na palavra calada, no silêncio repleto
Na sina, no destino, no apreço
No encanto, no sonho, na fantasia


Confio meus melhores encantos
Sonhos e fantasias
Ao tempo soberano
Das esperas


 (Viva, S.M. 2012)

Tempo

Gosto de tudo que vem pra ficar
Gosto de tudo que vai pra voltar
Gosto daquilo que veio e não ficou
Gosto daquilo que foi e não voltou

Gosto de quem veio e me levou
Gosto de quem sequer me olhou
Tem aquele que nunca chegou
E aquele que nunca voltou

Aquele que ninguém enxergou
Aquele que só enganou
E o tempo passou
E o tempo passou

 (Viva, S.M. 2012)


Silêncio

Queria dizer tudo no mais longo silêncio
Queria gritar para não dizer nada
Nada além de mim, nada além do que sinto
Tudo o que me faz sentir, tudo o que me faz ser

Talvez eu fale
Talvez eu cale
Talvez eu seja
Talvez eu sinta

Hoje eu sou, amanhã não sei
Hoje eu sinto, amanhã já não mais
Hoje eu falo, amanhã me calo
Hoje eu silencio, amanhã eu grito

Hoje eu corro, amanha te espero
Hoje eu me prendo, amanhã me liberto
Hoje eu sumo, sumo de mim
Sumo de ti, sumo daqui, sumo dali

Amanhã apareço, talvez
Amanhã esqueço, talvez
Amanhã, talvez
Amanhã.


 (Viva, S.M. 2012)


quinta-feira, 16 de junho de 2022

Extremos



Chorar de alegria
Rir de tristeza
Amar de tanto odiar
Perdoar de tanto amar

Correr enlouquecidamente 
nas ruas da cidade iluminada
Parar silenciosamente 
no vazio de um quarto escuro.

(Viva, S.M. 2011)

Bússola



Tenho apreço pelo real
Paixão pelo surreal
Talvez o que eu procure
Não encontre em lugar algum

Talvez o que eu estava procurando ontem
Nem é mais o que eu procuro nesse instante
Talvez eu nem procurava nada
Talvez desejo ser procurada
Ou nunca ser encontrada.

(Viva, S.M. 2011)

Afetos



A lua para a noite iluminar
Estrelas para brilhar

Amigos para sorrir
Boa musica para ouvir

Histórias para contar
Coração para pulsar

(Viva, S.M. 2011)

Desfrute



Trago na alma a serenidade de um vulcão
Na pele o arrepio de um sonho bom
No peito a liberdade de quem aprendeu a voar

Sinto a necessidade de ser
Sou a necessidade de sentir
Gosto de coisas que não se traduzem
De medidas que não se medem

Sou emoção, transbordar
Sou caminhante, ir e vir
Sou aprendiz, desfrutar
viver e conviver a vida


(Viva, S.M. 2011, adaptação 2022)

Hoje

Viva o presente
Não lamente o passado
Ou se detenha no futuro


O qual buscamos incessantemente
Tentamos dominar, sequer temos esse poder
E quando ele chega, passa despercebido por nós.



(Viva, S.M. 2011, adaptação 2022)

Ritmo



Quando o som do seu coração tocar
Num ritmo que você não conhece
Escute, sinta, permita
Pode ser o som da sua alma.

(Viva, S.M. 2011, adaptação 2022)

Ciranda

Sonho, sonhei Sonharei e não corromperei Faz bem e o bem Ser somente e somente ser Na inocência Na pureza Na eloquência Na cadência E na luz...